Pinturas

Atividades

Restauração

Artigos

Biografia

Mestres

História

Contato

Shopping

English

Documentos

Home

O PREÇO DA PASSAGEM

 

Um bom lugar e hora para o povo dialogar com o poder seria no plenário refrigerado da Assembléia Legislativa, durante Audiências Públicas. Só que das várias vezes em que compareci a essas audiências, nos últimos dez anos, o maior número de deputados presentes foram dois. Não houve incêndio, nem pancadaria, nada repercutiu na mídia. Em nenhuma das audiências percebi interesse pelo diálogo, mas apenas a obrigação de cumprir normas, para consagrar projetos prontos, “dentro da lei”!

Experimentamos diariamente o trânsito caótico em Vitória, circulando ou pretendendo estacionar em qualquer ponto da cidade. Promessa de solução já elegeu prefeitos e governadores, que sabem que este caos influencia o valor da passagem.

No centro de capitais americanas, carros não estacionam nas ruas. O departamento de trânsito construiu garagens públicas para estacionamento grátis. Nas ruas secundárias, os parquímetros continuam cobrando por minuto. Com ruas livres o trânsito flui, economizando combustível, desgastando menos motores e, de quebra, aliviando a poluição e o custo do transporte.

Em algumas cidades onde o povo unido se manifesta e cobra, promessas de campanha eleitoral se concretizam. Lá existem metrôs, e a circulação subterrânea, aquática ou aérea alivia muito a congestão no asfalto. Quando a administração pública é incompetente, o direito de ir e vir, consagrado na Constituição, nos é cerceado todos os dias.

Avaliando o peso das passagens no orçamento doméstico, a precariedade das ruas e calçadas que dificultam até a circulação a pé, sentimos quanto somos prejudicados durante o ano todo; e não reagimos.

A expansão das cidades exige veículos para a circulação das pessoas. A movimentação é paga pelas passagens, que devem custear o sistema e dar lucro às empresas. O valor das passagens agrega como custo, benefício social: passe livre para idosos, meia para estudantes, etc.

As condições físicas das vias públicas: buracos que cortam pneus, alagamentos que corroem lataria, danificam a parte elétrica e mudam itinerários, lombadas que detonam suspensões, falta ou má sinalização que confunde, obstáculos imprevistos, obras seqüenciadas no mesmo local por empresas descoordenadas, densidade do trânsito por falta de alternativas, são alguns fatores que incidem sobre o preço das passagens. O valor cobrado, hoje, é proibitivo para maior parte da população. O ir e vir diário, em curta distância, representa cerca de 30% do salário mínimo. Esse é obstáculo constante e universal ao direito de ir e vir. Manifestações cívicas duram poucas horas, objetivando a solução permanente do problema diário.

Havendo conflitos, que acontecem por se protelar a solução do problema de mobilidade urbana, o seguro que cobrirá incêndios e vandalismos dos veículos, pesará ainda mais no valor das passagens.

Na primeira manifestação contra o aumento, uma amiga ficou retida três horas tensas próximo ao Palácio Anchieta. Viu que havia muita gente mais tensa do que ela, certamente com problemas maiores, naquela hora fortuita. Ela recuperou a tranqüilidade quando percebeu que estava sendo muito egoísta e burra. Neste momento quis se juntar aos manifestantes: poderia somar para melhorar o sufoco de todos os dias.

Alternativas serão encontradas para baratear as passagens, pois o governo, empresários, imprensa e populares, concordam num ponto: a passagem está muito cara.

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com

 


 

VOLTAR