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PROPAGANDA PERIGOSA – Pasta
de dente. No Marrocos, em restaurante
típico, assim que os clientes, homens e mulheres, terminem de saborear um
delicioso cuscuz salgado e de tomar o refrescante chá de hortelã, o garçom
costuma oferecer-lhes uma flor seca. A flor, de cor amarelada, possui estames finos,
rígidos, com cerca de 5 cm. Ele explica que, retirado um estame (são cerca de
50 em cada flor), este serve para remover resíduos entre os dentes. Quando criança, impedido
pelos meus pais de usar palitos, após escovar os dentes, percebendo que alguma
coisa restava entre eles, recorria às linhas na caixa de costura da minha mãe
e, se estava fora de casa, retirava um fiapo da própria camisa. Ainda não havia
o fio dental. No Ocidente, os egípcios e
gregos foram os primeiros a compor uma mistura para limpar os dentes. A fórmula
era bastante variada (cinzas, casca de ovo, pedra-pomes, ervas, carvão,
hortelã...). Supõe-se que era aplicada com um retalho de pano. No tempo dos meus avós, no
interior de Minas e do Espírito Santo, no início do séc. XX, usava-se o sabugo
de milho como papel higiênico, e removiam-se os restos de alimentos dos dentes
usando-se pequenas lascas que se tiravam da lenha do fogão. A pasta de dente, semelhante
à atual, foi composta pelo dentista americano Washington Sheffield, em 1859. Só
começou a se popularizar quando o seu filho, também dentista, colocou o produto
em tubo flexível feito com liga de estanho e chumbo, para venda no comércio, em
1892. A expansão universal se deu durante a primeira Guerra Mundial, portanto
no século XX. A pasta de dente é produto
incorporado recentemente à nossa cultura. Seu uso é generalizado e frequente.
Recorremos a ele mais de mil vezes durante um ano, mas quase sempre de forma
incorreta e abusiva, induzidos pela publicidade cujo objetivo é vender, ainda
que, muitas vezes, ferindo a ética. Anúncios mostram a pasta sendo aplicada
abundantemente, cobrindo todas as cerdas da escova no sentido do seu maior
comprimento. Hoje à noite, aplique a
pasta sobre as cerdas da sua escova no sentido da largura. Você vai usar bem
menos da metade da quantidade mostrada no anúncio. Escove os dentes e depois
bocheche com água seguidas vezes para cuspir a espuma, como sempre faz. Lave a
escova. Em seguida escove novamente os dentes, com a escova sem pasta. Observe
a formação de espuma e isso acontecerá mais algumas vezes, se você repetir o
procedimento. Passando a usar bem menos
pasta do que é mostrada na propaganda e conscientizando-se a respeito dos
componentes das pastas de dentes encontradas no mercado (abrasivos, detergentes,
conservantes, espessantes, umectantes, estabilizantes, emulsificantes, sabores,
neutralizadores e colorantes), o usuário da pasta será mais cauteloso, mais
responsável e sua saúde ficará bem mais garantida. É possível que algumas
pessoas estejam doentes, hoje, em consequência do chumbo e do flúor (metais
pesados), que até há pouco tempo estavam presentes nas embalagens e fórmulas de
todas as marcas de pastas de dente encontradas no mercado, ou em consequência
dos abrasivos e detergentes, que dão polimento aos dentes e produzem espuma
abundante. Segundo o nosso médico comunitário, esses produtos e demais
componentes irritam mucosas e podem provocar afta, alergia, urticárias,
refluxo, gastrite e câncer (o benzoato de sódio, usado na composição das pastas
como conservante, acrescido de vitamina C dá origem ao benzeno). Na limpeza dos dentes os
movimentos corretos da escova e do fio dental é que fazem a maior parte do
trabalho de remover detritos dos dentes. A pasta colabora na eficácia desses
movimentos. O dentista que frequento na
Barra do Jucu, em seu cartão de marcação de horários, recomenda: “Ao escovar
dentes use pouca pasta, só o suficiente.” Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com janeiro,2016
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