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SELEÇÃO DEMOCRÁTICA

Quando criança gostava muito de futebol. Fui capitão do time onde Rubinho Gomes e Claudio Vereza conquistaram medalha de prata. Continuo apreciando um bom jogo e torço pelo Brasil.

Em 1958, ouvi a final da Copa do Mundo em rádio AM, junto com a turminha (entre 8 e 12 anos) da Prainha, Vila Velha, no extinto Golfinho Iate Clube. Os 5 gols do Brasil comemoramos pulando no mar que ficava em frente ao clube. A Prainha ainda não havia sido extinta: primeiro, a prefeitura lançou ali todo o esgoto da cidade; em seguida, o Estado aterrou a enseada. Era lugar tão aprazível que foi escolhido por Homero Massena (1885 – 1974) para viver seus últimos 23 anos, depois de circular por todo o leste do Brasil e Europa.

Aprendemos as músicas, que só saíram depois da Copa. Gostávamos muito de uma que começava nomeando os jogadores do “Escrete Nacional” que “balançaram a roseira”, e que eu ainda canto.

Este ano, no dia do segundo jogo do Brasil na Copa, observei um fato curioso. Sinal dos tempos? Fiz pipoca para meus netos (de 8 e 11 anos) e permiti que convidassem 5 amigos. A turminha comeu as pipocas, mas não mostrou o menor interesse em acompanhar a partida em tela HD. Fotografei a galera na hora do jogo brincando de pique no quintal e jogando no computador. Todos eles jogam futebol em nossa rua de chão onde rola pelada e furinguinho.

Na coluna Praça 8, de A Gazeta de 21-06-2014, políticos falam em “instalar telão e fazer a convenção rápida” para assistirem ao jogo do Brasil. Uma questão de oportunidade e... prioridade.

Isso me lembrou fato que presenciei durante o jogo do Brasil na Copa de 2006. Acompanhei meu primo numa reunião de agricultores, em galpão localizado à beira da estrada que liga a BR 262 a Afonso Cláudio.  O encontro era para a aquisição de mudas e orientação sobre o plantio de lichia (Litchi chinensis) na região de Pedra Azul.

Ao chegar lá, tive uma grande surpresa: o jogo do Brasil rolando na TV da lanchonete da entrada, sem espectadores. Lá dentro do galpão, mais de 200 agricultores ouvindo a palestra. O homem dizia ter milhares de mudas de lixia na Serra do Navio (Amapá), que seriam doadas para a região que tem ali altitude e clima semelhantes ao da Serra do Navio e agricultores com alto nível de qualificação. Só seria cobrado o transporte aéreo. Soube que as mudas nunca chegaram.

Se a Cultura conseguisse resgatar 1% do tempo e da tecnologia, que a mídia dedica ao futebol, e recuperasse ao menos 50% do espaço que ocupava até 30 anos atrás, ajudaria a aprimorar nossa política. Enfrentando dificuldades e seduções, os eleitores, especialmente os jovens, estão mais conscientes do seu papel na democracia. O meio mudou para melhor. Sobreviverá após seleção democrática, propiciada pela eleição, o político que perceber essa mudança e se adaptar aos velhos princípios de probidade e sustentabilidade.

Kleber Galveas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com junho, 2014