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DE OLHO NO FUTURO      Pubicado em A Gazeta, 31/07/3013

É revelador o sucesso extraordinário dos zumbis em Thriller e da série Crepúsculo. Filmes, vídeos, jogos eletrônicos e esportes, que primam pelo terror ou pela violência, são os mais requisitados pela juventude. O divertido futebol exige forte policiamento dentro e fora dos estádios.

Outra evidência da natureza humana está na mídia (Que reflete ou cria o interesse popular?), onde espaço dedicado à cultura encolhe, e o da policia cresce. Meu avô dizia que: “Merda, quanto mais mexe mais fede”. Se a mídia testasse a inversão desses espaços, seria uma boa experiência de pacificação social.

É difícil manter a convivência. É mais fácil levar o homem à guerra. O fato de estarmos aqui sozinhos, após a extinção dos Neandertais, provavelmente devemos a essa agressividade natural do Homo sapiens sapiens.

A civilização, que através da cultura, religião, lazer, educação e prática democrática, procura administrar a agressividade inata do homem, não obtém sucesso se uma das partes em conflito não cumpre sua obrigação social.

Quando em Audiência Pública, no lugar próprio e hora combinada, o povo é convidado para conversar com os chefes, fica frustrado. Na última, sobre poluição atmosférica, só esteve presente quem a convocou e os convidados: governo e poluidores faltaram. Não houve porrada nem trânsito interrompido, não acordou a mídia.
Foram gotas diferentes que fizeram transbordar o cálice da paciência ou tolerância, que cada um carrega dentro de si, levando multidões para as ruas. Razões apontadas na mídia pelo governo, populares, organizações nacionais e alienígenas são legítimas. Milhares de cartazes foram mostrados para serem lidos pelos chefes. Resumindo: “ouse fazer!” ou “dare do!”. Pediam ação!

Há uma motivação forte para irmos para a rua só possível na conjuntura brasileira. Lembrada, leva a uma reflexão política, prudente e oportuna, embora desconfortável: os chefes de hoje são os que radicalizaram ontem.

Há poucos anos, protagonistas de ações políticas radicais (assassinatos, execuções de companheiros, bombas em locais públicos, roubo a bancos, assalto a quartéis, sequestros, desvio de aviões, guerrilha...) foram anistiados e, por eleição democrática gozam de enorme prestigio na alta administração pública do Brasil. Uns receberam indenizações e têm pensões. Outros, condenados pela justiça por crimes recentes em ambiente democrático, são sacralizados pelas ações no passado.

Garantir futuro confortável e obter alto prestígio são motivações fortes para o imaginário popular. É natural que muitos que foram às ruas manifestar insatisfação se espelhem nos chefes, pois o exemplo vindo de cima é referência de sucesso. Embora armados de paus e pedras, os mais exaltados já são chamados de terroristas.

Se ex-dissidentes políticos nacionais, hoje pensionistas com isenção de IR, fossem oficialmente convidados pelo governo para uma contrapartida (prestação de serviço público voluntário), atuando nas escolas, fábricas, sindicatos, igrejas, ligas camponesas e mídia, como doutrinadores da revolução que pregaram clandestinamente no passado (o que lhes conferiu alta distinção e voto popular), a atual revolta seria mais radical. Poderia não ser de estátua a cabeça que rolou na Escadaria do Palácio Anchieta.

Portanto, olho no futuro, diálogo em lugar apropriado, bom senso e tolerância, senhoras e senhores chefes. Não fazemos o que fizeram ontem.

Kleber Galvêas, pintor www.galveas.com tel. (27) 3244 7115 julho, 2013.

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