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Homero Massena


Levino Fanzeres


Kleber Galvêas

DOIS MESTRES, UM APRENDIZ

Temos o prazer de informar que, de 26 de junho a 26 de outubro de 2010, nosso Ateliê, na Barra do Jucu, mostrará quarenta obras (óleos, acrílicas, aquarelas e desenhos) de Levino Fanzeres (11), Homero Massena (15) e de minha autoria (14).
Fanzeres criou o Curso Livre de Pintura da Colméia de Pintores do Brasil, no Rio de Janeiro, é o mais importante pintor nascido no Espírito Santo (Cachoeiro do Itaperirim, 1884). Massena fundou a Escola de Belas Artes do ES, é o mais importante pintor para o nosso Estado (Barbacena, 1885).
Fanzeres e Massena trouxeram a técnica da pintura para o Espírito Santo onde, até então, se fazia desenho colorido. Para exemplificar esta evolução, estarão expostas duas telas de Esther Galvêas (1938) da Escola de Pintura do Carmo. Esta Escola, sob orientação da pintora Irmã Tereza de Novaes, preponderou no ES até a chegada de Massena, em 1951.
Freqüentei o ateliê Massena de 1962 até sua morte em 74; em 1966 realizamos exposição na cobertura do Torium Hotel (Guarapari) e participamos, do 1º Salão Nacional de Artes Plásticas do ES; publiquei livro (coleção “Grandes Nomes de ES”), dois catálogos (1974 e 86) e desde 1975, diversos artigos sobre sua vida e obra; idealizei e montei o Museu Ateliê Homero Massena na casa onde ele viveu e trabalhou (1986), Prainha, Vila Velha.
Massena, insuperável na pintura de “figurinhas humanas” em movimento, era grande admirador da obra do colega Fanzeres. Apreciava especialmente suas pinturas históricas, crepúsculos coloridos e paisagens com grandes planos, tomadas ao ar livre por todo o Brasil e exterior. Ambos representam extraordinário reflexo do impressionismo em nossa terra.
As telas dos Mestres, aqui expostas por empréstimo, pertencem a coleções particulares e não estão à venda. A possibilidade de apreciá-las é rara.
A entrada é franca e sua visita nos dará grande prazer.






 

 

Homero Massena
Levino Fanzeres
 
Kleber Galvêas


FANZERES E MASSENA: POLÊMICA?

“Na boca de quem não presta, quem é bom não vale nada”- Geni Malta, Barra do Jucu.
Em Portugal, Malhôa e Columbano, pintores oitocentistas, ensejam polêmica entre seus admiradores. A elegância portuguesa mantém o nível alto: nós aprendemos e a literatura se enriquece. A turma Columbano enaltece a superação do desenho, criando atmosfera romântica. A turma Malhôa, a exatidão do desenho, possibilitando registros precisos do ambiente. Os dois grupos concordam em destacá-los, entre os artistas portugueses.
Através da coluna do jornalista Mesquita Neto, Massena e Maria Stela de Novaes travaram polêmica a respeito da escola fundada em Vitória no princípio do séc.xx, por Carlos Reis. Massena, artista, queria ver ali uma escola de arte; M. Stela, cientista atenta ao mercado, privilegiava o aspecto decorativo/utilitário. O sonho do grande pintor, de mesma formação e respeitado por Fanzeres e Massena, foi breve.
Polêmica muito popular, no Brasil, foi entre Noel Rosa e Wilson Batista. O primeiro, compositor já respeitado; o segundo, recém chegado de Campos, deslumbrado com a boemia da Lapa, Rio de Janeiro. CD gravado por Cristina Buarque e Henrique Cazes, inclui toda a polêmica, 8 músicas. A perspectiva de Noel era diferente da de Wilson. Ele teve como referência a “nata” da malandragem; o outro, o malandro folclórico (o otário). O resultado foi bom para os dois, fizeram uma música em parceria dedicada a Ceci, mulher que amaram.
Fanzeres (1884-1956), de renome nacional, visitava o boêmio Massena (1885-1974) em Vila Velha, que recebia também Hélios Selinger, o grande simbolista brasileiro. Sua casa era generosa. Massena admirava profundamente o trabalho de Fanzeres, destacando crepúsculos e pinturas históricas. Entretanto o quadro do colega que mais elogiava era uma paisagem, gênero em que Massena era mestre: “Senochenes”, tema europeu medalha de ouro na Bélgica, que está no Palácio Anchieta (rasgada há mais de trinta anos).
Fanzeres foi Prêmio Nacional de Viagem, Museu Nacional de Belas Artes; Massena foi Prêmio de Viagem do governo de Minas. Massena fundou a Escola de Belas Artes do ES; Fanzeres a mais concorrida e produtiva escola livre de pintura no Brasil, Quinta de Boa Vista/Rio. Fanzeres representou oficialmente a pintura nacional com exposições individuais promovidas pelo Governo no exterior; Massena tem obra no Palácio do Governo Francês e em nossas embaixadas, de Paris e Londres. Fanzeres domina a coleção do Palácio Domingos Martins - Legislativo; Massena, a do Palácio Anchieta - Executivo. Fanzeres está representado no Museu Nacional de Belas Artes; Massena, de Juscelino a Sarney, foi o único pintor brasileiro com obra na sala da presidência no Palácio do Planalto – Brasília. Fanzeres pintou “A Partida de Arariboia”, contribuição dos capixabas às comemorações do centenário da Independência; Massena o teto do Carlos Gomes, em 1969.
Aqui não há polêmica, só fuxico. Nós temos pouco interesse pela nossa história e por obras de artistas locais. Poucos capixabas conhecem estes dois grandes mestres: um, o mais importante pintor para o Espírito Santo; o outro, o mais importante pintor nascido no Estado. Se ambos são importantes e têm intenso brilho, embora sejam diferentes, é caso de estrela dupla de primeira grandeza no cenário artístico capixaba.



LEMBRANDO DO MESTRE


Homero Massena fez sua última exposição em 1968. Não havia nenhuma galeria no ES, ela aconteceu na entrada do Carlos Gomes. O teatro estava caindo aos pedaços. Uma reforma completa foi iniciada logo após e Massena, convidado para pintar o teto. Ele tinha 84 anos, subiu escadas íngremes e realizou o trabalho.
Massena revolucionou nossa pintura. Até 1951, data da inauguração da Escola de Belas Artes do ES, preponderava aqui a escola da Irmã Tereza Monteiro Novaes, no Colégio do Carmo. Ela estudou pintura com Carlos Reis em Vitória e acadêmicos famosos no Rio. Foi mestra dedicada por mais de meio século. Com suas discípulas produziu obras para culto das igrejas católicas, eventos cívicos e decoração de residências. Iniciou centenas de capixabas na pintura, uma dessas foi minha mãe, de quem tenho dois óleos de 1938, para análise e comparação com os de Massena. A Escola do Carmo era de maneiristas: o desenho bem acabado e as figuras representadas com contornos bem definidos recebiam a cor, como complemento. Faziam, na verdade, desenho colorido.
Na escola de Massena a pintura se liberta. O desenho continua a ser feito com rigor de perspectiva, claro - escuro e definição de espaços. Perde a sua função de contorno e ganha importância como estrutura, orientando a cor aplicada com pinceladas soltas, tintas diluídas, criando veladuras ricas em matizes. É a pintura com suas tintas cozinhadas na paleta e texturas representando a natureza dos materiais, o movimento, a luminosidade natural e emoção. Tudo isto com fatura original e extrema economia, até no tema. O resultado envolvente nos coloca em comunhão com a natureza capixaba.
Impressionista, ciente das transformações provocadas pela luz na forma e cor dos objetos, certo de que o branco puro e o preto inexistem na natureza e de que a linha do horizonte é abstração, Massena pesquisa ao ar livre, ganhando dimensão como antropofágico.Digerida a técnica que absorveu nos grandes centros como Rio e Paris, foi capaz de criar um estilo próprio e inconfundível mesmo para o leigo, representando nossa natureza com elegância. Diante de uma tela sua, sabemos onde estamos. A sensibilidade do artista perenizou trechos da nossa terra, nossa gente, nossos costumes e nos emociona.
Massena viveu de 1885 a 1974: viu nascer a república e o homem pisar na lua; a evolução dos transportes, do cavalo para os carrões e aviões; o aparecimento do rádio, TV... Concordava com os futuristas italianos que consideravam a velocidade como o principal agente de transformação da vida e estética moderna; desprezava, entretanto, suas considerações sobre a beleza do som das metralhadoras e a coleção do Louvre. Via em Mondrian, a expressão mais lúcida da estética moderna e a pop arte o retrato da sociedade de consumo. “A novidade não é necessariamente a rejeição do velho. Enxergamos longe quando observamos de cima de uma base sólida e alta. A evolução acontece por cruzamentos, mutações são vistosas, mas transitórias dificilmente deixam descendência”. Romântico como Juscelino, viu a interação entre sua obra e a arquitetura moderna, quando ele quis uma tela sua para decorar o gabinete da presidência, no Palácio do Planalto.
Embora tenha sido fundador, professor e o 1º diretor do CA da Ufes, nossa Universidade esqueceu o artista. Nós capixabas, depositários da pintura mais antiga exposta nas Américas (Convento da Penha) e da pintura mais antiga feita no Brasil (Reis Magos), passamos a ter com Massena uma escola de pintura, a sétima no Brasil. Rever a sua obra, na hora em que acontecem profundas transformações na paisagem e estilo de vida dos capixabas, pode nos proporcionar reflexões muito interessantes, para ajudarmos a construir o futuro.

Mestre do abstrato - Peniche Galveias

Além de minha mãe Esther de Sá Oliveira Galvêas, ex-aluna da Irmã Tereza da Escola do Carmo em Vitória, ES, foram decisivos em minha formação artística: Homero Massena, Levino Fanzeres e José Maria Peniche Galveias.

A seguir imagens de Peniche Galveias, catálogo produzido por sua viúva Amélia Peniche Galveias, diretora das Galerias São Francisco e Galveias, em Lisboa Portugual.

 

 

 
 
 
 
 
1.
2.
 
3.

1. Kleber, Amélia Penhiche Galveias e José Antônio Peniche Galveias.

2. Kleber no Ateliê de Peniche Galveias, em Almada - Portugal.

3. Ateliê Peniche Galveias usado por Kleber em 1967/68.

 

"Alfama", serigrafia de Peniche Galveias, 1949.

"Abstrato Informal", guache de Peniche Galveias, 1962.
 
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