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UM SALÃO PRETENSIOSO

Num ensaio publicado em A Gazeta (1984), “Criar e Mostrar”, defendi a tese de que o artista nunca erra ao realizar uma obra que o satisfaça. Admitimos possibilidade de erro apenas em duas situações: “onde” e “quando”  mostrar. Arte é o tipo de relação que se estabelece entre a obra oferecida pelo artista e o observador. Não existe arte sem público, e quem não mostra fica no meio do caminho.

No século XIX, os impressionistas recusados na exposição oficial do governo francês  criaram o Salão dos Independentes. Foi uma conquista histórica. Os artistas impressionistas mostraram o que viam, pensavam e sentiam, em vez de ajustar sensibilidade a convenções acadêmicas rígidas. Mostraram que a luz e o meio influenciam a nossa percepção.  Daí para cá, com criatividade, novos “ismos” ampliaram a liberdade de expressão. Isso levou a uma interessante efusão criativa, mas também ao nefasto culto da novidade.

Recebi em meu ateliê a visita de artistas que, com outros 40 colegas, tiveram seus trabalhos recusados por um júri do Salão “Vitória em Arte - 2015”. Eles estavam muito aborrecidos. Me preocupei, não me compadeci. Expliquei a eles a razão.

É ingênuo participar de Salão com comissão para definir participação e prêmios de concurso público sem critério objetivo de avaliação. E, pior, respaldar uma missão impossível que arrepia a ética: censurar e classificar obras de arte. Esse procedimento dos organizadores e a adesão dos expositores mostram uma visão tacanha da arte, como se esta estivesse contida na obra, desprezando sua relação com o público. A arte só se realiza quando sensibiliza alguém, e sua percepção é absolutamente individual, subjetiva e intransferível. Não cabem intermediários.

Não faço crítica ao trabalho dos artistas expositores. Eles têm sempre toda liberdade e licença. Pecaram por não perceberem que artista não é uma classe especial de homens, porque todo homem que se comunica, manipulando espaço e/ou tempo, é um artista especial.

Se há alguma novidade nesse Salão do Mar é que, um século depois do Salão dos Independentes Impressionistas, artistas capixabas impressionam por depender ou apoiar esse salão pretensioso.

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com agosto, 2015

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